Um casarão construído no final do século 19, em pleno bairro Cambuí, “coração” da cidade de Campinas, recebeu a principal mostra de arquitetura, decoração e paisagismo do interior paulista, a Campinas Decor 2019.
Foram investidos cerca de R$ 7 milhões para a montagem da edição, divididos entre organização, patrocinadores, expositores e fornecedores - desse total, cerca de R$ 2 milhões foram consumidos apenas nas obras de recuperação. O evento recebeu cerca de 30 mil visitantes.
A imponência do imóvel, conhecido por ter abrigado o antigo Colégio Ateneu, com espaços amplos e pé direito alto, estimulou a criatividade dos expositores.
Durante as obras de recuperação do imóvel e de preparação da mostra, organização e expositores reconstruíram as redes hidráulica e elétrica, recuperaram telhado e paredes, e refizeram e restauraram pisos e revestimentos.
Os trabalhos envolveram um verdadeiro exército de profissionais - arquitetos, paisagistas, engenheiros, artistas plásticos, pedreiros, pintores, jardineiros, carpinteiros e entregadores, entre outros. Nos horários de pico, o local chegou a reunir cerca de 500 pessoas ao mesmo tempo e foram gerados cerca de 1.500 empregos diretos.
A Bigbox Esquadrias de Alumínio foi uma das empresas que participou da restauração e todos da empresa se sentem ‘honrados em ter participado da Campinas Decor 2019, e poder ter feito parte desse grande projeto de sucesso, com serviços de alta qualidade e junto de profissionais consagrados’. Além disso, destacou a iniciativa de toda equipe e aos profissionais da Campinas Decor. “Foi mais um belíssimo projeto entregue à cidade de Campinas, de grande utilidade e duradouro”, ressaltou.
Após a realização da mostra, graças à doação das benfeitorias, o casarão pertencente à prefeitura e tombado pelo CONDEPACC (Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Campinas) será utilizado para abrigar a Secretaria de Educação do município. Serão instalados no imóvel o gabinete da secretária, assessoria jurídica, diretorias e coordenadorias.
O casarão em pleno coração da cidade fazia parte de uma chácara, na área rural da cidade, lá pelos idos de 1800. A casa – descrita nas plantas como “casa de residência” – foi construída no fim do século 19 em alvenaria de tijolos, acompanhando as técnicas construtivas da época. O pavimento elevado era embasado por um porão, que prevenia infiltrações nos cômodos. A arquitetura do imóvel refletiu a transição entre o ambiente rural para o urbano: sem a ostentação dos espaços grandiosos das casas de fazenda ou a ornamentação luxuosa dos palacetes e solares dessa mesma época. Provavelmente, ao mesmo tempo, a chamada “casa antiga”, que ficava ao lado (e depois foi demolida), foi ampliada com uma ala em tijolos.
Antes das intervenções, a chácara tinha 24 mil metros quadrados e a casa era ladeada por canteiros e jardins. Tinha acesso por meio de três escadas, duas das quais existem até hoje. O restante da propriedade era totalmente ocupado por plantações e havia um moinho de vento em aço, utilizado nas irrigações.
Durante os anos a residência recebeu várias melhorias promovidas pelos donos da época e, nos últimos anos, foi adaptada para uso educacional, como o Colégio Ateneu, que permaneceu até o fim da década de 90. Foi tombado pelo Condepacc (Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Campinas), após um estudo iniciado em 1997, cujos argumentos apontavam para o vínculo do local com a história de Campinas e com o desenvolvimento cultural e educacional da sociedade. Em 2013, a Prefeitura de Campinas adquiriu o patrimônio cultural da cidade, que abriu suas portas para receber a principal mostra de arquitetura, decoração e paisagismo do interior do Estado.